Sol da Meia Noite | Resenha

em sexta-feira, agosto 28, 2020

Oi pessoal, depois de mais de 10 anos, finalmente o livro da Saga Crepúsculo pela perspectiva do Edward saiu!!! Não resisti e vou contar, sem spoiler, o que achei!
Li os livros quando tinha uns 15 anos, tenho muito carinho pela história, li com meus amigos e acompanhávamos um site chamado Forforks que tinha traduzido o esboço vazado de Sol da Meia Noite. Ainda tenho o arquivo e são as primeiras 250 páginas do livro, com algumas alterações. Na época não sabia como a autora lidou com esse vazamento, e que não era legal consumir esse conteúdo.
Mesmo tendo muito carinho pela história, consigo perceber alguns problemas na história, algumas coisas que podiam ser melhores.
Então vamos começar a resenha pela capa, que mostra uma romã fazendo alusão ao mito de Perséfone e Hades. Esse mito, de forma geral, conta sobre Perséfone, a deusa da agricultura, que encantou Hades, o deus do submundo. A romã foi o fruto que a deusa comeu e a prendeu no mundo inferior, então um acordo foi feito: ela passaria 6 meses na Terra (que marca a primavera) e 6 meses junto a Hades (período do inverno). Segundo Edward, é como se ele fosse Hades e Bella a Perséfone, quanto mais tempo eles passam juntos, mas presa a ele e longe dos amigos e familiares ela fica.
Já na contra capa temos uma escultura de Eros e Psiquê, outro mito, sobre um deus e uma mortal. Afrodite, a deusa da beleza e mãe de Eros, sentia inveja de uma mortal considerada a mais bela, os homens deixavam de adorar a deusa para observar a beleza de Pisiquê.  Ela ordena ao filho que faça com que a mortal se apaixone pela criatura mais horrenda, ele acaba se apaixonando por Psique, mas essa trai sua confiança, e depois de muitos obstáculos conseguem ficar juntos. Psique representa a alma humana, purificada pelas adversidades.
Alguns capítulos tem o mesmo nome dos de Crepúsculo, achei muito bacana e acabei relendo para comparar. 
Tenho todos os livros em e-book, só Amanhecer e A Breve Segunda Vida de Bree Tanner que tenho físico também, na época li com uma amiga, ela que tinha todos os livros lançados (sim, eu li em 2008!)
Reparem que enquanto Crepúsculo tem 368 páginas, Sol da Meia Noite tem 770!
Em algumas partes até as falam são repetidas, mas de um lado temos a visão da Bella e do outro o do Edward.
Saber o que se passa na cabeça do Edward deu uma perspectiva completamente diferente para história, uma dimensão que faltava aos personagens, motivações e até mesmo humanidade.

Como vampiro, a vida de Edward era imutável, assim como ele. Nada tinha graça, parecia um limbo, mas depois que Bella entrou em sua vida tudo mudou, ele mudou, sua família mudou.
Ela me transformara mais do que eu achava que fosse possível mudar sem deixar de ser eu mesmo.
Bella achava o Edward um deus grego, maravilhoso, perfeito, forte e que não merecia seu amor, não tinha nada que pudesse interessar ele ou qualquer outro menino, auto estima lá embaixo!

Nesse livro ele tem personalidade, medos, paixão, desejos, ódio... 
Agora sim ele parece assustador e capaz de matar a garota, a forma como o cheiro dela tira ele do sério, faz ele quase perder o controle, parece que ela vai morrer no primeiro capítulo! 
Ele parecia antes tão sem personalidade e assexuado, agora vemos que não é nada disso! Ele quer abraçá-la, sentir sua pele, beijá-la, os mesmos sentimentos de um jovem apaixonado. 

Edward nasceu na Chicago de 1901 e foi transformado durante a guerra, quase morreu com Gripe Espanhola quando tinha quase 18 anos. Ele se lembra pouco dessa época, o único amor que ele teve experiência foi o da família, ela é seu primeiro amor e para os vampiros é algo muito mais intenso.

Nesse livro a autora conseguiu o que faltava nos outros, agora entendemos o que ele viu na Bella, algo que muitos questionavam.
Bella é uma garota tímida, reservada, muito responsável, coloca a necessidade de todos acima das suas, muito observadora e para muitos ela é sem graça. O fato de Edward não resistir ao cheiro dela, não conseguir ler seus pensamentos e ela ser tão diferente de todos em Forks, faz ela ser interessante e ele se aproximar, mas é a bondade, teimosia e beleza que fazem ele se apaixonar.
Os colegas, menos Angela, são mesquinhos, mas Bella é boa, gentil e um ímã para tudo de ruim! 

Sobre a família, pelos olhos do protagonista, eles se tornam mais humanos, entendemos seus sentimentos, seus passatempos, seu passado, seus desejos. Ele vê Carlisle e Esme como seus pais, e os outros como irmãos, como uma família. Adorei conhecer mais desses personagens, coisas que Edward não contou a Bella, várias memórias sobre sua família. 
No tempo livre, cada um tem seus hobbies: Edward toca música, Alice gosta de moda e costura, Esme de arquitetura, Rosalie de carros, Emmett de esportes...
Me apaixonei pelo Emmett, ele parece aqueles cachorros grandes que só tem tamanho, mas são uns fofos! A forma como ele logo sente o amor fraternal por Bella e quer protegê-la a qualquer custo é muito lindo. 
Jasper é um personagem muito interessante que eu queria saber mais. Agora sabemos como ele foi importante na situação crítica depois do jogo de beisebol! 
Rosalie é uma personagem difícil, muito fútil, vaidosa e egoísta, mas ainda sim consigo ter empatia pela sua situação. O seu desejo era se casar, ter filhos, netos, envelhecer ao lado da pessoa amada... então algo acontece e todos seus sonhos vão por água baixo. E ela vê que Bella é o que ela queria e nunca vai poder ter: ser humana e estar com apessoa amada, cheia de possibilidades, isso a magoa muito.

Entendemos a dinâmica dos poderes de Edward e Alice, como eles mantém a família segura de serem descobertos "ouvindo e vendo" tudo, percebendo se tem algo de errado a volta, e aproveitando para resolver situações mundanas, como dinheiro. 
Não lembrava sobre seu passado misterioso e fiquei muito curiosa querendo saber mais!

Os dons parecem tem um componente genéticos, além de serem características latentes quando humanos. Assim como Reneesme herdou algo semelhante ao poder do pai, Bella herdou ser um escudo de Charlie, já que Edward não consegue ler seus pensamentos com tanta facilidade como de outros humanos.
Edward se questiona como a combinação de Charlie e Renée levou a Bella, como a mente de ambos funcionam e o sangue. 
E como o personagens lê mentes e sabemos muito mais sobre cada personagem, sabemos mais sobre o relacionamento dos pais de Bella, a separação.

O lado ruim de saber o que todos pensam é que você pode começar a não gostar de alguns personagens: Jessica é muito maldosa e não gosta de Bella, Mike é bem babaca, já Rosalie é tão fútil e egoísta, sente ciúmes de Bella, como uma humana comum chamou atenção mais que ela!
Nesse livro vemos que o único que está bem com a situação de ser vampiro é Emmett, os outros se pudessem, preferiam ser humanos. 
Pela primeira vez em um século, eu estava grato por ser o que era. Ser um vampiro, em todos os aspectos — tirando o perigo em que isso a colocava —, de repente era aceitável para mim, porque foi isso que me permitiu viver o bastante para encontrar Bella.
Como eu disse, li aos 15 anos os livros, quando estava começando a namorar, me relacionei muito com o dilema de será que ela/ele gosta de mim? De não querer ficar longe, ser bem grude! hahaha Mas fica a dica, nunca se afastem dos amigos, não façam como a Bella que só lembra do Jacob quando o Edward termina com ela!
Me lembrei muito dessa época lendo esse livro, me senti nostálgica e com pena do vampiro, tão apaixonado e com medo de colocar a vida da garota em risco, sendo que ele era um risco para ela. Ele se martiriza e sofre muito com a ideia de por sua culpa algo acontecer com ela. Em alguns momentos é até cansativo essa culpa que ele sente, ele se acha egoísta por querer ficar com ela. Isso se reflete em Crepúsculo, em como às vezes ele é frio e mais reservado.
Mas isso era supostamente a coisa certa a fazer. Não parecia certo, mas eu não podia confiar nos meus sentimentos egoístas.
Outra parte que gostei foi o desenvolvimento da mitologia dos vampiros e lobisomens, algo que podia ter sido mais bem desenvolvido nos outros livros. Os seres criados pela autora são bem diferentes dos já vistos, mas acho que faltou desenvolver mais, contar mais sobre os detalhes. Sempre achei que ela tinha um material ótimo mas acabou desenvolvendo de forma rasa.

Eu ri muito quando Edward descobre que Bella entendeu tudo por causa do Jacob e ele sente pena do rapaz pela situação que ela o colocou! hahaha Os quileutes tem suas lendas sobre os vampiros e sobre a família Cullen, Jacob é descendente de um dos líderes, e mesmo os anciãos avisando do perigo, as gerações mais novas acham que tudo são apenas histórias. Gostei de saber mais sobre o tratado a partir da mente do Billy Black
Havia algo de muito... interessante na mente de Jacob Black. Era pura e aberta. Lembrava um pouco a de Angela, só que não tão reservada. De repente lamentei que aquele garoto tivesse nascido meu inimigo. Sua mente era uma das poucas em que era tranquilo estar. Quase serena.
Achei muito interessante como cada vampiro "sente a sede", como o cheiro da Bella é apelativo de uma forma diferente e desproporcional para Edward.
Eu não chegava sequer a interpretar a sede como o restante da minha família. Para mim, a sede era como um fogo ardendo. Jasper a descrevia como uma ardência também, mas para ele era como ácido em vez de chama, uma sensação química e abafada. Rosalie pensava naquilo como uma secura extrema, uma necessidade aterradora em vez de uma força externa. Emmett tendia a avaliar sua sede da mesma forma.
Em uma passagem, Bella fala sobre seus livros favoritos e os lugares que visitou através de suas leituras, achei muito parecido com uma personagem que eu amo, a Tessa Gray de As Peças Infernais da Cassandra Clare.
Havia um pouco de Jane Eyre nela, uma porção de Scout Finch e Jo March, algo de Elinor Dashwood e Lucy Pevensie.
O personagem vai de jovem apaixonado a perseguidor entranho, super protetor e agressivo em alguns momentos. Difícil defender ele ficar indo até o quarto da menina a noite ver ela dormir e ficar mexendo nas coisas dela pra conhecer ela melhor.

Achei alguns diálogos muito... juvenis. O que faz sentido pelo público alvo, ou não! Não sei se os jovens de hoje se interessaram pelo livro ou foi para os adultos resgatando uma nostalgia.
E achei muito engraçado a autora colocar elementos que remetem ao ano que o primeiro livro foi lançado, como prateleiras de CDs, aparelho de som... Muito anos 2000! 

Uma questão muito séria e presente em várias obras é construir caráter ou superação de personagens através de estupro. Achei muito pesado o quase estupro da Bella em Port Angeles por um estuprador em série, como acabamos descobrindo. Acaba servindo apenas para mostrar como Edward era um cara bacana, que tenta resolver a questão já que ele salvou Bella, mas e as outras mulheres?
No caso de Rosalie é ainda mais pesado, ela foi estuprada pelo noivo e seus amigos, depois se vinga e isso mostra uma superação da personagem.
Acho um tema muito sério, pesado e que acaba sendo tratado sem o cuidado necessário.
Esses foram os únicos pontos que me desagradaram um pouco.

No fim, gostei do livro e queria todos os outros na visão do Edward e de outros personagens, já pensou Lua Nova sob a perspectiva do Jacob!?! Como eu disse, a autora tem um material que dá pra explorar mais, para aprofundar e acho que o público quer mais. A autora quer escrever mais livros desse universo, sem ser focado no Edward, mas não será algo breve, infelizmente.
Me senti nostálgica e terminei o livro feliz, querendo mais.
O crepúsculo, de novo — refleti. — Outro fim. Mesmo que o dia seja perfeito, sempre tem um fim.
E aí, quem mais leu, o que achou?
Me contem nos comentários o que vocês acharam.
Beijos e até o próximo post

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